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quarta-feira, 28 de maio de 2014

CRÔNICAS POLICIAIS DE DUQUE DE CAXIAS: DELEGADO E PISTOLEIRO SÃO ASSASSINADOS NA CIDADE

Tenório Cavalcante, que na sua cotidiana relação com a violência em Duque de Caxias lhe renderam, de 1928 a 1953, 47 ferimentos a bala, resultado de 28 episódios de tiroteios com seus desafetos e ainda 8 prisões, segundo as suas lembranças. Teve ainda, Tenório, O Homem da Capa Preta, como era conhecido na longínqua Duque de Caxias, se envolvido, segundo os seus adversários, na morte do Delegado paulista Albino Imparato, que teria sido transferido para assumir a Delegacia da cidade, com o intuito de investigar o "Deputado Pistoleiro", como era chamado por seus adversários. 

Deputado Tenório Cavalcante

Por conta do seu comportamento controverso, Tenório era acusado por seus opositores de ser capanga e organizador de bando de jagunços, que eliminava seus adversários e que através da proteção a hotéis, cassinos e outros negócios ilícitos enriquecia-se.  Uma definição que dividia os que eram  favoráveis a Tenório e os que não eram favoráveis ao político, e Duque de Caxias era dividida entre os amigos e inimigos do "Rei da Baixada", como chamavam os seus amigos. As mortes seguiam portanto essa lógica, atingindo os que estavam próximos e os que o confrontavam. 

Antes da morte do Delegado Imparato, Tenório esteve envolvido em outros episódios marcantes na cidade.  Após ter sido ferido por vários disparos num tiroteio na cidade, que culminou com a morte de 3 pessoas e mais 5 pessoas feridas, o Homem da Capa Preta teria ficado com uma bala alojada na base do crânio, além outras junto à espinha e pulmão. Durante a sua recuperação dos ferimentos, misteriosos incidentes vinham acontecendo com os que o seguiam.. Segundo relato de sua filha, a policia, para se desfazer dos corpos daqueles que morriam sob tortura na delegacia, criavam-se cenários de acidentes, onde as vítimas apareciam jogadas em estradas de grande movimento, nas linhas de trem ou no Rio Meriti..  Em outro confronto se deu no final de 1945, quando Tenório teria sido ferido no ombro e na nuca.  Logo após o incidente, a casa do Subdelegado Manoel Lopes, foi invadida por Armindo, que além de assassinar o subdelegado, matou a o noivo de sua filha e feriu a sua esposa.  Armindo, havia avisado Tenório dessa última emboscada, tendo sido preso após o tiroteio e torturado na Delegacia. Após capturar, matar e arrastar pelas ruas o culpado, a Polícia responsabilizou tenório pelo ocorrido. Sua casa (a fortaleza de Tenório, como era conhecida) porém não foi invadida e o novo subdelegado daria continuidade aos novos lances dessa guerra pelo poder em Duque de Caxias. 

A fortaleza de Tenório

O ano era 1953, e o Delegado da cidade teria sido demitido após denuncias de arbitrariedades feitas por pelo Deputado Tenório Cavalcante. Em seu lugar assumiu o paulista Albino Imparato..  De uma tradicional família paulista, Imparato decidira ser policial no antigo Estado do Rio e fora designado pelo então Secretário de Segurança Pública do antigo Estado do Rio, Coronel Barcelos Feio – homem de confiança do Governador Ernani do Amaral Peixoto – para comandar a Delegacia de Polícia de Duque de Caxias (um pardieiro no Nº 311 da Avenida Plínio Casado), que ficava a menos de 100 metros da “Fortaleza”, a residência de Tenório Cavalcante.  As desavenças entre Tenório e Imparato já ficariam evidentes após sua visita ao gabinete do delegado poucos dias depois da sua posse, onde Imparato arrancara com um tapa o inseparável chapéu que o “Homem da Capa Preta” sempre usou, sob a justificativa de que, perante uma autoridade (Imparato), Tenório não podia usar cobertura (chapéu). 


O ASSASSINATO DO DELEGADO IMPARATO

Durante um baile na Associação Comercial no dia 25 de Agosto de 1953, teria havido um incidente envolvendo o alcagüete (x9) conhecido como Bereco, homem de confiança do delegado Albino Imparato. O incidente ocorreu devido á intenção de Bereco, cumprindo ordens do delegado, de entrar na Associação Comercial para revistar os presentes, em busca de armas. No momento, era realizado um baile em comemoração ao “Dia do Soldado”. No incidente do baile, Getúlio Gonçalves fora um dos participantes que impedira a entrada de “Bereco” e assistiu a troca de tiros que se seguiu, envolvendo também o deputado federal Peixoto Filho, que estava (armado) na festa e resolvera defender Tenório. Dois dias depois os jornais anunciariam  o afastamento do Delegado. 

No na noite do dia 28, Bereco e o delegado foram metralhados dentro de um carro, por ocupantes de outro veículo que teriam passado atirando . Tenório Cavalcante acabou sendo apontado pela Polícia como mandante do duplo homicídio pelo Delegado Wilson Fredericci, encarregado das investigações, enquanto a autoria material era atribuída a um primo do deputado, Pedro Tenório. Por conta dessa investigação, Wilson Fredericci organizou uma operação para invadir a “Fortaleza de Tenório”, reunindo policiais civis e militares do antigo Estado do Rio. A invasão só não ocorreu por interferência de senadores e deputados, amigos de Tenório, que resolveram acampar na “Fortaleza”, pois Tenório anunciara que iría resistir ao cerco policial e dali só sairia morto. Temendo uma carnificina, o Governo do Estado suspendeu o cerco.  Na ocasião dois funcionários de Tenório teriam sido presos, acusados de cúmplices do assassinato do Delegado Imparato.  


Fontes:  Livro: Dos Barões ao Extermínio - Uma história de violência na Baixada Fluminense, Autor: José Claudio Souza Alves - Biblioteca Comunitária Oscar Romero

Outras fontes:
http://quebrangulo.com/index.php/component/k2/item/2-tenorio-cavalcanti



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