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segunda-feira, 10 de março de 2014

DUQUE DE CAXIAS, "CIDADE ONDE AS GALINHAS CISCAM PRA FRENTE.."


  
A primeira Delegacia do Município
Foto: Reprodução

Em tom jocoso, o apresentador do programa “Patrulha da Cidade”, Samuel Correia, se referia a Duque de Caxias, um dos mais violentos municípios da Baixada na década de 50, como “A terra onde a galinha cisca pra frente”.

Caxias e o Esquadrão da Morte

Antonio Pacot era um caxiense que se tornou um cidadão do mundo e muito respeitado entre anunciantes e agências de publicidade. Um dos fundadores do Teatro Municipal Armando Melo, ele foi preso, juntamente com o ator Edgar de Souza e o teatrólogo Laís Costa Velho, quando tentava encenar uma peça no extinto Teatro do SESI.

O texto era uma sátira à situação vivida pelo município diante do noticiário policial dos jornais sensacionalistas do Rio, como “Luta Democrática”, “A Notícia” e “Ultima Hora”. A peça, que continua inédita até hoje, era intitulada“FESTIVAL DE DEFUNTOS”.

Aproveitando o seu bom relacionamento na mídia, Pacot conseguiu produzir um grande impacto, pois jornais e revistas, e até mesmo as emissoras de rádio, começaram a anunciar que, em breve, haveria um Festival de Defuntos em Caxias! O noticiario partia da junção do nome da peça com a cidade em que seria apresentada, resultando numa manchete que a todos atraía. Afinal, pela primeira vez na história da imprensa mundial, estava sendo anunciada a realização de um festival de defuntos e numa cidade onde “AS GALINHAS CISCAVAM PRA FRENTE”, como era o bordão do radialista Samuel Correia no programa “Radio Patrulha”, na Rádio Tupi, sempre que se referia a um noticiário policial tendo Duque de Caxias como palco.

A imagem da cidade como “TERRA DE NINGUÉM”, que começara na década de 50 em torno do mito Tenório Cavalcante e a sua não menos famosa “Lurdinha”, prosseguiu nos anos 60, com o assalto ao trem pagador da Central do Brasil, ocorrido em 14 de junho de 1960, próximo á estação de Japeri, na Baixada Fluminense.
Detetive Perpétuo à esquerda / Foto: Reprodução

Para investigar o rumoroso caso, dada a quantia roubada, cerca de 20 milhões de cruzeiros (moeda de época), a Secretaria de Segurança do antigo Estado do Rio designou o experiente Delegado Amyl Ney Richaid, titular da Delegacia de Duque de Caxias. Os criminosos só foram identificados no ano seguinte, graças à atuação do Detetive Perpétuo de Freitas, cedido pelo Governo do Estado da Guanabara para auxiliar nas investigações. Graças a Perpétuo – que era respeitado pelos bandidos, pois tinha por lema respeitar o preso, isto é, ele não “escrachava” quem se entregasse. – a polícia localizou o chefe do bando, apelidado de “Tião Medonho”, em Olaria, de onde foi levado, preso, para a Casa de Saúde Santo Antonio, em Duque de Caxias, aonde veio a falecer uma semana depois em conseqüência de um tiro que levada numa emboscada preparada pelo delegado sob a ponte de Coelho Neto.

Em função do desfecho do caso, o delegado Amyl acabou se elegendo deputado estadual, levando consigo seu principal X-9, Armando Belo de França, que se elegeu vereador em Duque de Caxias.

Ainda na década de 60, Duque de Caxias continuou a freqüentar as páginas policiais devido à ação do “Esquadrão da Morte”, um grupo de policiais que matava os bandidos que eles entendiam como irrecuperáveis. Com muitos tiros, os corpos eram deixados com um cartaz e os dizeres “Esse não mata/rouba/estupra mais”.

E o “Festival de Defuntos” iria abordar os crimes do “Esquadrão da Morte” e, talvez ou principalmente por este motivo, foi proibido pela Polícia e Antonio Pacot levado para a 59ª DP/Caxias em companhia do ator Edgar de Souza e do teatrólogo e diretor de teatro Laís Costa Velho.

Fontes:
- BLOG DÉCADA DE 50 – http://decadade50.blogspot.com/2006/09/o-assalto-ao-trem-pagador-da-central.html
- http://www.jorgedasilva.blog.br/?p=1432
- http://pedacosdanossahistoria.blogspot.com/2009/03/pedacos-da-historia-de-duque-de-caxias.html

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